terça-feira, 30 de novembro de 2010

SOS Estudante

Secção Cultural da Associação Académica de Coimbra

Objectivos da Linha:

- Prestação de apoio emocional e prevenção do suicídio através
dos números 808 200 204 / 96 955 45 45;

-A Linha disponibiliza ainda informações no âmbito da Acção Social Escolar
eoutras informações úteis, fazendo-se ainda reencaminhamento para instituições públicas

- Oferecer um serviço de escuta anónima e confidencial ;

- Proporcionar a livre expressão de sentimentos;

- Promover a autonomia e convivência interpessoal do estudante;

Garantia:

- Apoio emocional anónimo e confidencial isento de influências de
carácter filosófico, religioso, político, moral, ideológico, etc.;

- Os voluntários disponibilizam-se para ouvir quem telefona,
sendo o atendimento livre de juízos de valor e/ou opiniões.

Recrutamento de voluntários:

Caso estejas interessado(a)...

1.Ficha de inscrição e marcação de entrevista inicial de selecção;

2.Resposta por parte da instituição (aceitação ou não para integrar
a próxima formação de voluntários);

3.Caso sejas aceite, segue-se uma fase de formação com duração
de cerca de um mês, em que a falta poderá ser eliminatória;

4.Segunda entrevista após a formação. Esta fase é eliminatória,
sendo que são seleccionados apenas os voluntários que vão integrar a Linha SOS-Estudante.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quem sofre de acne severa tem mais pensamentos suicidas

Aqueles que sofrem de acne severa correm mais riscos de tentarem o suicídio, indica um estudo que volta a incendiar o debate sobre os efeitos de alguns medicamentos contra o problema, como o Accutane da Roche. Já vários estudos relacionaram a isotretinoína, o genérico deste fármaco, com pensamentos suicidas mas, desta vez, os cientistas dizem que é a própria doença que pode explicar este risco acrescido.

Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/quem-sofre-de-acne-severa-tem-mais-pensamentos-suicidas_1465844

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fernando Pessoa e o suícidio

Se te queres matar, porque não te queres matar?

Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por actores de convenções e poses determinadas,
O circo polícromo do nosso dinamismo sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!"

"Fazes falta?
Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar..."

"A mágoa dos outros?...
Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...

"Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além..."

"Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia..."

"Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti."

"Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?"

"Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?"

"És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?"

"Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido?
O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?"

"Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células nocturnamente conscientes
Pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atómica das coisas,
Pelas paredes turbilhonantes
Do vácuo dinâmico do mundo..."