terça-feira, 10 de maio de 2011

Mata a mulher e envenena-se


Alarmado com o telefonema das vizinhas dos pais, que estranharam não ver o casal logo de manhã na Rua Doutor Bernardino Machado, o jovem, de 30 anos, correu ontem para a casa da família em Vale de Milhaços, Corroios, Seixal.
Cruzou a porta e deparou-se com um cenário chocante: viu o pai deitado no chão da casa de banho, nu e envenenado; depois, na sala, encontrou o corpo da mãe, que jazia numa poça de sangue. Tinha sido assassinada à facada pelo marido, que depois tentou suicidar-se. Está no hospital.
Apesar de o casal só ter sido encontrado pelo filho à hora de almoço – as vizinhas decidiram ligar--lhe porque as vítimas não atendiam o telefone –, o homicídio seguido de tentativa de suicídio terá ocorrido na noite anterior. Maria José, de 50 anos, que, ao que tudo indica, sofria de algumas perturbações psíquicas, foi transportada para a morgue do Hospital de Almada, enquanto Manuel, de 61, se encontra internado em estado grave no mesmo hospital, inspirando cuidados.
A vítima mortal, que tinha por hábito meter-se com os vizinhos, insultando mesmo alguns deles na pacata rua de vivendas, voltou a fazer o mesmo na noite de anteontem. O marido, pré-reformado da Portugal Telecom, estava farto destes episódios. Chegou a ir lavado em lágrimas pedir desculpa a alguns dos vizinhos.
Já no interior da casa onde o casal vivia há cerca de 20 anos, ter-se-á originado uma enorme discussão. Um vizinho diz ao CM ter ouvido gritos e bastante barulho pelas 22h00 de anteontem, desconhecendo-se, no entanto, se foi a essa hora que ocorreu o crime.
Sabe-se apenas que o homem, que os vizinhos vêem como uma pessoa bastante pacata e que "sofria muito com os problemas psíquicos da mulher", terá ido à cozinha buscar uma faca e matou a vítima com várias facadas na zona abdominal. Depois, dirigiu-se à casa de banho, não muito longe da sala, despiu-se e ingeriu veneno. Foi encontrado ainda vivo pelo filho.
"O MARIDO VEIO PEDIR DESCULPA A CHORAR"
Não há vizinho na rua do crime que não conheça uma história de desavenças entre a vítima e os moradores. Todos lhe reconheciam alguns problemas mentais, que a levavam a participar em episódios que o marido repudiava. "Não sei porquê mas ela sempre embirrou com uma vizinha. Chegava ao pé da janela dela e chamava-lhe nomes. Outras vezes, atirava água às pessoas que passavam e ria-se. O marido sofria muito com isso e nós já nem ligávamos", disse um morador. Anteontem à noite, horas antes do crime, a mulher voltou a implicar com um vizinho. O filho terá dito que a mãe precisava de ser internada e que não tomava a medicação. O marido, antes do crime, foi justificar-se. "Saiu a chorar e a pedir desculpa pelo que tinha acontecido. Depois foi para casa e aconteceu o que aconteceu. É triste."
PJ DE SETÚBAL RECOLHE PROVAS DURANTE 5 HORAS
Dada a natureza do crime, a investigação ficou entregue a uma brigada de homicídios da Polícia Judiciária de Setúbal, que esteve no local a recolher vestígios durante a tarde. Após descobrir o cadáver da mãe e o pai inanimado na casa de banho, um dos dois filhos do casal – que não moravam com eles – ligou para o 112 a pedir ajuda. A PSP deslocou-se ao local e confirmou o crime, tendo sido chamada a PJ, que esteve cerca de cinco horas na vivenda. Foram feitas várias perícias e recolhidos vestígios. Na altura em que o corpo saiu, familiares e amigos fizeram uma barreira para que não fossem captadas imagens.

Sem comentários:

Enviar um comentário